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Agenda Cultural

“ADC | Versa-vice - Tânia Carvalho”

Escrever sobre o meu trabalho é como escrever sobre o mais profundo do meu Ser. Por isso digo: "não sou boa com palavras”. Não quando quero nelas mostrar as profundezas do meu coração. Traduzi-lo. Sinto estranheza. 
Decidi chamar à peça Versa-vice (o vice-versa de vice-versa) porque ao fazer uma peça digo: "a peça é sobre isto e aquilo…”. Mas também poderia ser sobre o seu oposto. O seu espelho. Ou sobre qualquer outra coisa que lá se encontre, por um segundo que seja, enquanto se vê, ouve, dança, relembra… Esse segundo é tão válido como todo o processo de criação. Pode até ter mais força, mais impacto dentro de nós. Um segundo de vislumbre. Um segundo que nos faz mudar de direção, ou que nos provoca outra coisa qualquer, mesmo que não nos apercebamos dela. 
Os nossos corações estão conectados. Nós compreendemos por esse meio, humanos e não humanos, através das nossas profundezas. Digo coração, mas podia dizer Vida. A vida dos humanos, dos animais, das plantas, das pedras, da terra, da água… a Vida. 
As formas comunicam tantas coisas. Observar um quadrado ou um círculo é tão emocionalmente diferente. A Arte pode ser traduzida em palavras, e pode ser palavras. Mas pode também ser luz, formas, cores, sons, cheiros…. Ou talvez a Arte não seja nada disto, mas sim o que está por detrás disto. Arte é Vida a comunicar através de nós. Através de tudo. 
Eu não tenho ideias concretas a cerca do meu trabalho. Nestes tempos em que se tende a explicar o que seja de forma racional, é difícil para mim encontrar uma forma de defender o meu trabalho e de escrever sobre o mesmo. Tento não usar a mente mais do que uso outros sentidos em mim. A mente é só uma pequena parte no jogo. Tento abrir o coração ao desconhecido em mim. Desta forma aproximo-me de tudo o que existe, e acho que assim chego mais perto do meu propósito de ser artista nesta vida. 
Existe uma força política na arte com muita importância e que consegue mexer muita coisa. Acredito também que a arte conecte as pessoas com o seu lado espiritual. Se assim for, a parte política fica também mais fácil. Gosto de me centrar nisso. 
Sou confusa quando falo, mas bastante clara quando me observo. É por isso que tenho certeza de que vim para esta vida para ser artista, e para ser assim. 
Quando era mais nova sentia tristeza por não me conseguir explicar com clareza. Queria ser mais "inteligente” para poder explicar em forma de teoria o que faço. Queria conseguir escrever bons projetos e com eles conseguir bons financiamentos. Com o tempo aceitei que sou assim, e que é assim que é suposto eu ser. 
Admiro muito as pessoas que conseguem usar as palavras de forma de uma forma maravilhosa. Que se tornam também os nossos corações. Mas eu não sou isso. E isso é bom. Porque assim eu posso admirar mais essas pessoas. Somos um puzzle. Como uma vez disse: 

« We are tiny little pieces of the same puzzle.
We are meant to be different so we can hold on to each other.
This is how we become the same:
holding dear to our differences. »
— Tânia Carvalho, dezembro 2022

Tânia Carvalho (1976) nasceu em Viana do Castelo e vive em Lisboa. Como coreógrafa, com uma carreira de mais de vinte anos de criação, tem tido presença regular em teatros, festivais e residências artísticas, dentro e fora de Portugal. Fez criações para outras companhias, como o Ballet de l’Opera de Lyon (Xylographie), a Company of Elders, em Londres (I Walk, You Sing), a Companhia Nacional de Bailado (S), a Companhia Paulo Ribeiro (Como é que eu vou fazer isto?), a Companhia de Ballet do Norte (3), a Dançando com a Diferença (Doesdicon) e o Ballet National de Marseille (one of four periods in time, ellipsis). Entre os seus projetos musicais destacam-se Madmud, Idiolecto e dubloc barulin. Em 2018 realizou Um Saco e uma Pedra – peça de dança para ecrã, o seu primeiro filme.  Em 2021 iniciou o projeto Papillons d’éternité, com Matthieu Ehrlacher.  Em 2022, no âmbito da Temporada Cruzada Portugal-França, o Théâtre de la Ville dedica um foco no seu trabalho, apresentando vários espetáculos em Paris ao longo do ano. Recebeu os prémios Programa Jovens Criadores 2000, com Inicialmente Previsto, e Melhor Coreografia, pela Sociedade Portuguesa de Autores, com Icosahedron (2012) e onironauta (2021). Em 2019, foi distinguida com o título de Cidadã de Mérito pela Câmara Municipal de Viana do Castelo. 


Abril Dança Coimbra 2023 — 01 a 30 abril espetáculo integrado no ADC 
Coprodução Teatro Académico de Gil Vicente/Universidade de Coimbra, Convento São Francisco/Câmara Municipal de Coimbra, Teatrão e A Escola da Noite

Consulte o programa aqui


Ficha Artística/Técnica
Coreografia e direção artística: Tânia Carvalho 
Interpretação: Andriucha, Beatriz Marques Dias, Bruno Senune, Catarina Carvalho, Cláudio Vieira, Filipe Baracho, Luís Guerra, Matthieu Ehrlacher, Nina Botkay 
Voz: Tânia Carvalho 
Poema: Fernando Pessoa 
Iluminação e direção técnica: Anatol Waschke 
Produção áudio e desenho de som: Juan Mesquita 
Música: Tânia Carvalho 
Figurinos: Cláudio Vieira e Tânia Carvalho 
Mestre costureira: Rosário Balbi 
Direção executiva: Vítor Alves Brotas 
Administração e financiamentos: Janine Lages 
Comunicação e assessoria de imprensa: Maria João Bilro
Fotografia Rui Palma
Vídeo Christo Roussev
Booking: Colette de Turville 
Logística: Leonardo Garibaldi 
Produção: Agência 25 
Coprodução: Culturgest (Portugal), Estúdio 25 (Portugal), Julidans Amsterdam (Países Baixos), La Briqueterie - CDCN du Val-de-Marne / Biennale de Danse du Val-de-Marne (França), Teatro Municipal do Porto – Rivoli e Campo Alegre / DDD – Festival Dias da Dança (Portugal), Théâtre Jacques Carat Cachan (França), Theatro Circo (Portugal)
Parcerias: Le Gymnase CDCN Roubaix – Hauts-de-France (França), Teatro Académico de Gil Vicente / Convento de São Francisco / Abril Dança em Coimbra (Portugal), Teatro Viriato (Portugal)
Residências de coprodução: Culturgest (Portugal), Le Gymnase CDCN Roubaix – Hauts-de-France (França), O Espaço do Tempo (Portugal)
Apoios: República Portuguesa – Cultura | DGARTES 2021-22 (através do Estúdio 25), Câmara Municipal de Lisboa - Polo Cultural Gaivotas | Boavista, Casa-Atelier - Fundação Arpad Szenes - Vieira da Silva, Forum Dança, Loja das Maquetas
Agradecimentos: Chá de Agulhas - Susana Oliveira, Maria Manuela da Silva Alves 


Classificação Etária
M/6


Duração
60 minutos


Informações
Bilheteira: 239 857 191
bilheteira@coimbraconvento.pt


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Cadeiras de Orquestra e 1.ª Plateia
€8
€6 estudantes; ≥65 anos; grupos ≥ 10 pessoas; desempregados; profissionais de artes performativas e de música

2.ª Plateia e Balcão
€6
€4 estudantes; ≥65 anos; grupos ≥ 10 pessoas; desempregados; profissionais de artes performativas e de música
Cartão Amigo CSF (40% desconto)

- Para adquirir bilhetes de Mobilidade Reduzida, por favor, contacte a bilheteira do Convento São Francisco (diariamente entre as 15h00 e as 20h00, através do telefone n.º 239 857 191, ou envie mail para: bilheteira@coimbraconvento.pt 

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