Agenda Cultural

As paisagens sonoras, enquanto dispositivos inter-relacionais de escuta, são o resultado de uma conversa em comunidade, de onde se intercetam diversas entidades acústicas, sejam elas animadas, inanimadas, orgânicas ou tecnológicas. É a partir da pluralidade de seres que se deslocam sobre o mesmo plano de ação que Bruno Latour, antropólogo francês, propõe a designação de "actants” ("agentes”) para se referir ao envolvimento de um coletivo híbrido de atuação em rede, resultando de uma prática de integração descentralizada, que não se deixa agrilhoar a um único ator, mas que se estende, rizomaticamente, aos restantes elementos de um sistema que se entrelaça em inúmeras interdependências.

A instalação "Actants” faz revelar uma composição de paisagens sonoras por intermédio de 16 altifalantes, cada um deles em reprodução independente, mas que se comportam como uma orquestra de objetos sonoros em contraponto. As estruturas em tijolo, enquanto ícones do ambiente urbano industrial, expressam a acústica do espaço e o modo como a arquitetura da cidade influencia as geofonias do lugar, desde a forma como o vento se desloca entre os edifícios, à própria perturbação acústica dos materiais.