Agenda Cultural

Entre as pegadas que se vão sobrepondo umas sobre as outras a partir de uma superfície coberta de terra e folhas secas, evocam-se as vozes de múltiplos emissores acústicos em interação. O canto da cidade, composto por diversos elementos acustemológicos, representa também uma antropofonia em transfiguração acústica. A palavra "Passaggio”, frequentemente associada aos diferentes registos vocais de um corpo em ressonância, significa ainda uma travessia através do espaço que nos rodeia.

Passeando por este labirinto sonoro, a partir do qual o público traça os percursos de uma caminhada em contínua mutação gráfica, enquanto metáfora para as soundwalks de Hildegard Westerkamp e Barry Truax, Passaggio resulta de uma série de viagens pelas paisagens sonoras de Coimbra. Sendo o som um dispositivo não material, as ruas tornam-se agora invisíveis, imprevisíveis neste caminhar sem rumo aparente. É a voz da cidade que provoca a descoberta pelas características do lugar, onde as pegadas dos visitantes comunicam com os registos sonoros de um mapa em construção.