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Agenda Cultural

“ÓNUS | Ricardo Vaz Trindade”

Ao entrarmos no mundo subscrevemos tacitamente um contrato com aqueles que já cá estavam, há que aceitar as leis e procedimentos vigentes, mesmo que não as entendamos, mesmo que nem sempre nos sirvam. Em algum momento todos nos confrontamos com a justiça, com a miríade de processos complexos e misteriosos que vão decidindo as nossas vidas. Quando nos favorecem tendemos a concordar, quando nos prejudicam revoltamo-nos e repudiamos o sistema. 
Afinal, que sistema é esse? O que é a justiça e o que é a lei? Como se articulam, como pode esta servir aquela? E porque nem sempre o faz? 
A ação das forças policiais, bem como as salas de tribunal são um espaço de semi-obscenidade, entre o público e o privado, entre a norma e o desvio. Não queremos saber o que aí se passa e desejamos nunca ter de o conhecer. Assim, a ligação de cada um de nós com a ideia de justiça, vai-se formando através de uma experiência longínqua, das páginas de jornal, redes sociais e comentadores mais ou menos comprometidos. 
 
Com Ónus quisemos, numa peça de teatro, dedicar um tempo exclusivo à justiça. Procurámos saber como se faz, como se sofre e como se muda; assistimos a julgamentos, lemos, vimos a Balada de Hill Street, entrevistámos agentes da PSP e do SEF, magistrados, jornalistas, ex-reclusos, filósofos, sociólogos e juízes; escrevemos e improvisámos cenas.

Lemos, ouvimos e inventámos parábolas sobre a justiça, algumas das quais nos acompanham desde o tempo bíblico. Retivemos uma, que nos lembra a não esquecer:

Conta-se que os governantes daquela cidade desejavam retirar a prisão do centro, onde ficava a praça, a igreja e o comércio, e onde as famílias se passeavam em ócio e jogo social. O grande edifício ensombrava a vida dos moradores e os edis mais visionários imaginavam já as possibilidades, os novos jardins amplos, as casas maiores, as lojas modernas.
Quando o conselho se reuniu para decidir a localização da nova prisão, o povo, chamado a emitir opinião, foi perentório: a prisão não deveria sair dali. Era certo que não gostavam dela; porém não queriam esquecer que a comunidade onde escolheram viver era uma comunidade que prendia pessoas. Como a praça, a igreja e o comércio, a prisão deveria conviver diariamente com as suas ocupações e os seus lazeres.

Gastámos, enfim, tempo junto da justiça e depois uns com os outros, pensando, refletindo, brincando com as ideias e aprendemos que esse tempo é valioso. Chamámos-lhe "o tempo da dúvida”.


Ficha Artística/Técnica
Direção artística e encenação Ricardo Vaz Trindade
Cocriação Costanza Givone, Daniela Cecília Marques, Fernando Giestas, Nuno Camarneiro e Ricardo Vaz Trindade
Texto Fernando Giestas e Nuno Camarneiro
Espaço cénico Ricardo Vaz Trindade
Desenho de Luz Cristóvão Cunha
Música Hill Street Blues de Mike Post, variações sobre Hill Street Blues de Filipe Raposo
Assistência de Encenação e Oficinas Pedagógicas Daniela Cecília Marques
Consultoria Marta Bernardes
Coprodução Teatro Municipal Baltazar Dias
Residência de coprodução Largo Residências, O Espaço do Tempo Financiamento República Portuguesa / Direção-Geral das Artes


Classificação Etária
M/12


Duração
75 minutos


Informações
Bilheteira: 239 857 191
bilheteira@coimbraconvento.pt


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Bilhete geral: 5€
Bilhete família: 8€, disponível apenas na bilheteira do Convento São Francisco.
Menores de 12 anos e a partir dos 65 anos: 4€


Informação adicional:
- Uso de máscara obrigatório 
- Interdita entrada após o inicio do evento
- Respeite o distanciamento físico e a sinalização do espaço 
- Respeite as indicações dos assistentes no recinto




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